A Velha Criança
Ela não sabia nada sobre a tristeza
Até parar e ouvir o primeiro canto dos pássaros rachando o luto da manhã, sintetizando algo implícito e efêmero
Ela não sabia que a liberdade adorava mudar de aspecto
E como a prosperidade também se adornava, ela não percebeu quando decidiu brincar de renovação
Ela mantinha Cristo como o dono de uma emissora de TV
Ela se encontrou nas propagandas, deixou as migalhas mofadas e nunca mais achou o caminho de volta para casa
Quando o sono pesou em sua criatividade, poucas respostas e muitas perguntas a condenaram ao coletivismo
Ela vociferou pelo direito a inércia, durante anos e anos e anos… e percebeu que jamais existirá reciprocidade enquanto um imposto pela vida te definir como humano
Ela não precisava do amor de seus amigos
Porque dizia que amigos são uma anomalia que realçam a solidão
Seduzida pela expectativa no abandono
A lascívia se mostrou uma armadura para os pontos cegos que a lealdade não protege
Ela dançou até meia-noite, quando a maturidade lhe roubou o propósito
Ela partiu da California para a Sibéria, a brincadeira acabou
Ela se tornou a pessoa do outro lado do espelho
Ela queria entender o porquê nunca entendeu que não é seguro entender
Um castelo, uma paisagem bela e inquilinos estúpidos
Ela queria experimentar a serenidade barulhenta dos filhos
Ela queria submergir na ira bondosa de um cotidiano imprevisível
Ela queria provar lentamente de um companheirismo sem submissão
Mas ela é apenas uma amante de idéias
Como uma pessoa civilizada deve ser
Ela não soube nada até se tornar nada
Houve movimentação sem que a consciência tomasse as rédeas
Agora ela sabia que o esquecimento era o primeiro na procissão da felicidade
E como, sim, como ainda havia pela frente
Ela descansava sua cabeça num desconforto libertador
Ela se entregava Àquele que vigia o prateado dado de presente a seus cabelos
Mas ela é apenas o que precisa ser
Ela não sabia mais nada sobre a tristeza