A fuga da contenção
pacote de sonhos extraviados
no meio do caminho fomos deixados
essa estrada pende ao infinito
as horas encarregadas de nos deixar aflitos
nuvens carregadas de puro atrito
nossos atritos esculpidos no granito
se por acaso se perderes de um grito
estou aqui e até o fim eu fico
pendurados sob um abismo
estou preso aqui contigo
assim como você tá comigo
amor, não é lindo isso?
consegues imaginar as nossas tardes de domingo?
eu sei bem, não é bem o que nós queríamos
mas fazer o que, o que poderíamos?
somos produtos do que criamos
são nossos os corpos mas não os planos
mesmo que tudo isso seja só um engano
estamos vivos e estamos tentando
e como estamos, amor, como estamos?
me diz algo bom de ouvir
melhore o motivo de estarmos aqui
a fuga da contenção proponha-me
me rasgue mas não exponha-me
somos os frutos de um caule podre
encontraremos a paz como armas esquecidas num coldre
ou apenas seremos esquecidos como sorrisos estampados num fôlder.