BIPOLARIDADE POÉTICA

Outrora sim,outrora não

Me visto de um ódio

metodicamente gritante

quase que satânico

Vezes por outras,me cubro

de violência

como se eu fosse uma pintura

de Vladimirov

um disco do Rage Against The Machine

de tempos em tempos

me vejo em crises de vagabundagem erudita

e meus braços não parecem braços

parecem armas

parecem armas apontadas para mim

e nesses tempos desejo destruir todas

as indelicadezas do mundo

Outrora sim,outrora não

me cavo a sutileza do peito

me encontro nos poemas doces de poetas

ingleses ou angolanos

de tempos em tempos quero mudar

o mundo e as coisas

do jeito que o Belchior me aconselhou

quero viver em mim quero abraçar a chuva

e deitar na grama

quero rir para o mundo como se na Síria

os meninos só chorassem de contentamento

e é nesses tempos que eu me desfaço

que eu morro em mim que eu me anoiteço

que eu me adoeço

mas não me curo de mim eu não quero me

curar de mim

é que de tempos

em tempos eu me sinto em outro tempo

em outro mundo outro corpo em outro deus

Não vou à igreja

Não quero me curar de mim

mesmo que eu seja uma bomba

atômica / um Molotov de anjos rebeldes

em tudo isso que me cerca

não sou nenhum xamã de outro mundo

embora me sinta tão bruxa tão possuída

por Orixás

Eu sei que deus deve entender!

Ainda Menina Mar
Enviado por Ainda Menina Mar em 16/01/2018
Código do texto: T6227992
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