O que minh'alma anseia
Qual lágrima presa desejosa de rolar,
Assim a minh'alma deseja poder alegrar.
Qual luz escondida desejosa de brilhar,
Qual filhote quer à mãe encontrar,
Assim minh'alma anseia à liberdade retornar.
Qual papagaio, cuja corrente o impede de voar,
Assim minh'alma impotente voo não pode alçar.
Qual ostra na concha que pérola será,
Qual lagarta em seu casulo borboleta a virar,
Assim a minh'alma vê-se em tão feliz transformar.
Já o relógio parou; os dias não passam mais.
Minh'alma de chorar cansou e há muito anseia por paz.
Qual mar que ergue suas ondas para logo as quebrar,
Assim cresce em mim a esperança para depois fraquejar.
Há muito estou num casulo; a metamorfose virá?
Tal como ostra em pérola, terei o meu transformar?
fugiram-me as palavras agradáveis:
O pensamento ficou vazio,
Qual criança abandonada, sem cobertor, sentindo frio.
Meu ser está desamparado, sozinho.
Onde está o afago da esperança?
Onde está o calor da confiança?
Quem delas falar-me-á?
Pois há muito tenho procurado.
Coisas simples tenho desejado, e não pude encontrar.
Oh,Alegria, onde andas distraída?
Vem, vem depressa inundar o meu ser, a minha vida
Até que eu sinta o meu peito de um jeito perfeito a dilatar,
Pela efusão da tua presença trazendo-me o transformar,
E, assim, meu grito reprimido então eu libertar.