IGNÓBIL FARISEU
Sou paramentado de trapos,
Retalhos da consciência ébria
Que bebe o dia em sua nudez,
Come da noite o sonho virgem.
Vestuário dum farrapo humano,
Indigente de molambos estéreis
Que devaneia sobre o bandalho
Tétrico das madrugadas juvenis.
Sou o andrajo das esquinas sujas
Onde se vomita a exaustão torpe
Que assedia rodilhas enferrujadas
Dos curumins desnudos das favelas.
Pedaços de pano surrados do suor
Que se derrama sobre os frangalhos
Têxteis do algodão meio escolástico
E retinto por manchas de equidade.
Sou paramentado por velhos trapos
E mesmo subalterno das vestimentas,
Condiciono as velhacarias ao engodo
Dos esfregões maltrapilhos da noite.
DE Ivan de Oliveira Melo