CICLOS...


E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
(Florbela Espanca, «Charneca em Flor», in «Poesia Completa»)

Sei apenas que não sei de mais nada,
Tudo parece silenciar dentro de mim...
Até as vozes que me eram tão caras,
As faces que me traziam rubor,
Hoje parecem borradas...
A memória já falha!
Confundo o ruim com o bom...
O bem com o mal...
Estou só! Mais só do que nunca estive!
Os sonhos descambaram,
A realidade é tão outra,
Bate na cara da gente com tanta força, e dói...
E as coisas tem agora outro sentido,
E já nem significam o que significaram outrora,
E por fim, só resta, - se é resto, a mim mesmo,
- Que aos poucos se deteriora...
Será que isto é viver e morrer afinal?


Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
11/01/2018