FÔRMA SEM FORMA

Nada me comove mais

Nesta fria manhã de setembro

Do que o diligente movimento apático

Das primeiras horas.

Nada é capaz

De me fazer adentrar o purgatório das palavras raras

Inutilizadas e esquecidas.

Nada me provoca o ímpeto irracional

De evoca-las

E extrair de suas polpas o puro suco

Das palavras já diluindo-se.

Ainda que titubeante tenha caminhado

Por sentir pesar o mundo em meus ombros parcos

Não desabo nem tomo equilíbrio.

Desaguo sem êxito.

Um rio pela fissura da represa

Esvaindo-se.

Até que escasso o açude

Onde pescara nuvens

E então desdenho oque incerto for.

Debruco-me avido sob o dia

Que se impõe sóbrio e antipático

Como uma imensa rocha disforme

A ser esculpida.

HenriqueBazzí
Enviado por HenriqueBazzí em 08/01/2018
Código do texto: T6220150
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