Da Pequena Janela
Da pequena janela,
Por trás do vidro embaçado,
Nas pontas dos pés,
Vi você chegar.
Mochila nos ombros,
Cabisbaixo...
Andar lento.
Meu coração,
Precipitando-se como louco,
Ditava maneiras
De romper a barreira.
De varrer o sufoco.
Seu rosto, quase sem traços,
Nada me permitiu.
A pequena distância
Foi um continente.
Seu olhar,
Antes cúmplice do meu,
Se tornara indiferente.
Você se virou
E seguiu seu novo caminho.
Simplesmente.
Chamei por seu nome,
Num sussurro descrente.
Ele escorreu...
Triste como eu.
Seu rosto...seus cabelos,
Foram perdendo contorno.
Minha mão cansada acenava.
Em nome de um desejo inútil.
Meus lábios trêmulos
mandaram o último beijo.
O apelo
Ficou apenas na garganta.
As perguntas também.
Não me queixei pra ninguém.
Permaneci no lugar.
Abrigo que inventei pra mim.
Meu pequenino mundo protetor.
Imaginário ancoradouro.
Tentei me recompor...
Me resignar.
Mas ainda não...
Não.
Só mesmo ensaiar
A amarga despedida.
De alguma forma me vi de longe.
Nas pontas dos pés.
Por trás do vidro embaçado.
Da pequena janela.