Caminho
Andei trotando
O caminho que eu chamo de vida
Galopando as esperanças
E derramando as cascas de cada mudança que me pus a realizar.
Em meio a necessidade
Me fiz de vontade
Para atualizar o histórico da minha vida
Mau e pré concebido
E até então, por mim esquecido
Mas sempre lembrado
Por um calo colhido.
A cada trote um recorte me passava à mente que nem mais sente a dor
Do que desde já deixou de ser ferida
E de cicatriz vivida
Cicatrizou-se precavida
Para evitar o queloide
Que eu chamo de vida.
Quanto mais vívida, menos recolhida
Mais galgada à beira de cada esquina
Turva e vazia.
Semente espalhada à deriva
De um precipício e à esquiva de não florescer.
E por medo de morrer se esconde
Nos escombros da terra mal arada
E árida por falta da água
Que não mais jorra dos montes
Que sumiu dos rios
Que secou os mares.