GARGANTA DISCORDANTE
há mil sóis na minha garganta discordante
reluzindo melancolias e inexistências.
falta-me imaginação e valentia.
se há vontade de sobreviver,
falta-me habilidade
e nem as palavras que rabisco
curam-me da loucura vã.
viver é uma coisa estranha.
tudo nos mata:
uma bala, uma faca
um olhar, uma palavra
e as ausências.
e não há cura para isso.
morrer talvez seja a cura.
os olhares são estúpidos
não há compreensão de sentimentos...
as pessoas, mesmo as imponentes
tem tripas, cus e cagam
às vezes, cagam pela própria boca
e fedem enquanto pensam que vivem.
os mortos não fedem mais,
estão mortos, são pó, cinza e nada...