GARGANTA DISCORDANTE

há mil sóis na minha garganta discordante

reluzindo melancolias e inexistências.

falta-me imaginação e valentia.

se há vontade de sobreviver,

falta-me habilidade

e nem as palavras que rabisco

curam-me da loucura vã.

viver é uma coisa estranha.

tudo nos mata:

uma bala, uma faca

um olhar, uma palavra

e as ausências.

e não há cura para isso.

morrer talvez seja a cura.

os olhares são estúpidos

não há compreensão de sentimentos...

as pessoas, mesmo as imponentes

tem tripas, cus e cagam

às vezes, cagam pela própria boca

e fedem enquanto pensam que vivem.

os mortos não fedem mais,

estão mortos, são pó, cinza e nada...

Anna Liz
Enviado por Anna Liz em 26/12/2017
Reeditado em 26/12/2017
Código do texto: T6208995
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