SINA

SINA

Alguém está caído,

prostrado, na solidão

de sua vil sina, na estrada

de chão deserta.

Alguém que dorme,

talvez dopado pelo excesso

de bebida alcoólica.

Alguém que não é mendigo

mas parece ser,

pelo que se vê de sua

roupa suja da poeira

que sobe no vento

como um redemoinho,

e depois desce ainda suja,

voltando a fazer parte

do corpo e veste sujos.

Na estrada de pouco

trânsito de veículos

e pedestres, margeada

pela vegetação poeirenta,

dorme um homem

de meia-idade, exposto

ao sol morno da tarde,

que agora queima pouco

o corpo andrajoso

que parece morto, mas

sua alma, aturando

a dura prova, não a vence,

e se entrega à vida carnal

quase mendiga, inerte

ali na beira da estrada.

A vida humana é feita

de vícios e defeitos,

enquanto a alma evolui

ainda impura. Só que, uma

vez ou outra, as virtudes

lhe realçam nos atos

simples. Lá se vão muitas

horas de um mesmo dia

que já anoiteceu ( e a cena

do homem alcoolizado

caído na beira da estrada

em sono profundo), continua

a mesma. A estrada de chão

está deserta. Até então,

ninguém passou por ali.

Nem de carro, nem de pé.

Parece que, pelo alto ruído

do ronco, ele não acorda

tão cedo. Algum parente

decerto, lhe procura em vão,

pois não sabe nem faz

a mínima ideia de onde

ele está. Entretanto,

apesar de sua alma ainda

não ter voltado ao corpo

adormecido, uma presença

amiga (como raio de sol

no ermo da estrada) está

junto dele, lhe doando

amparo e consolo espiritual:

o seu Anjo da Guarda.

Escritor Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 26/12/2017
Reeditado em 26/12/2017
Código do texto: T6208543
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