TEMPOS VORAZES
As horas rotineiras são famintas
E insaciáveis
Devoram-me afeições antes tidas
Como único sentido para a existência
Que por sua vez se revela insuficiente
E portanto nela crio
Invento
Descubro
E me entrego à ritos involuntariamente
Cultuados quase de forma suicida
Enquanto sinto estar cada vez mais
Distante do antigo cais
À deriva
Velejando desnorteado em direção
À renúncia
Às trevas
Ao nada.