O PALHAÇO NECESSÁRIO

Inutilidade lapidada

                                 Por excelência

Não oferece consolo

                                Acalanto

Não embala tua criança no colo

É mais rude o seu canto

De encanto

                Ou desencanto.

A poesia

Um legítimo escândalo

Incêndio de espanto

Não cura a ferida

Nem cala teu pranto.

Mas o alegra

Se por agora

Deres ouvido ao que está soprando

Na boca do mundo

O seu verso 

Fora do mercado e das formas

Premeditadas de se obter sucesso. 

Pois o louco poeta

Como todo louco

Com a bolsa não flerta

Quer o logro

Outro

O do sorriso sincero

Que a alto custo

No rosto do seu povo tem se aberto

Já que o poeta está para o mundo

Como um palhaço está para o circo:

Sofrendo tombos

                             Engodos

Para que o amanhã seja possível

E que o latifúndio circense da vida

Não cesse esta chama ávida

Chamada: vida!   

(Que sobrevivente a tudo ilumina)

Sem os merecidos aplausos

(De vitória? De conquista?)

Aplausos ilhanos

Dignamente anunciando

O fechar das cortinas.

HenriqueBazzí
Enviado por HenriqueBazzí em 18/12/2017
Reeditado em 18/12/2017
Código do texto: T6202137
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