Retrato da minha vida
Retrato da minha vida
Em minha INFÂNCIA... Travesti-me, de ATOR.
Lutei bravamente, contra a fome e, o frio.
Mesmo febril, e com a barriga, em dor.
Rodei ciranda, pião, pulei cordas e, amarelinha.
Joguei gude, futebol e bugalha.
Andei por muito, no fio, da navalha.
Em minha JUVENTUDE... Travesti-me de ATOR.
Com óbito de papai, novamente, a fome rondava...
... A barriga de fome e medo, também reclamava.
Bravio, com muita fé, firme, duro, já trabalhava.
Havia irmãos menores, na tenda que morava.
Não podia esmorecer, a cada dia, nova batalha.
Andei... Por muito ainda, no fio da navalha.
Hoje... Hoje, em minha MATURIDADE...
Trasvesto-me, ainda, de ATOR.
Numa Nação, sem noção, desigual.
Sei que falta ainda, comida, em muitas mesas.
Uns tem muito, outros pouco tem, outros... Nada tem.
Nesse Descabido Desgoverno, Desumano, Cruel e Letal...
Escuso-me, da tirania, da selvageria...
... Por entre, muros e muralhas.
Onde nesse, grande teatro.
Não tenho ídolos... Nada mais, idolatro.
Vivendo ainda, no fio, da navalha.
*Adilson Tinoco*