Confissões
Confesso que me perdi algumas vezes no caminho de mim mesmo. Confesso que algumas vezes preferi não escolher e observei sem ânimo para me envolver.
Passei algumas noites de olhos fechados e mente aberta, deixando o fluxo de pensamentos me esmagar contra o travesseiro. Já pensei até mesmo em fugir daqui, mas a comodidade é mais forte que os impulsos da madrugada.
Eu sei que não existe muita coisa além das coisas que já estiveram por aqui, mas alguma coisa, confesso, fala mais alto em mim.
E eu quero me revoltar. Quero gritar. Quero te beijar e vomitar as ideias que guardei comigo, mas confesso... Sou egoísta e prefiro trancá-las em algum lugar seguro perto de mim. E ai, de repente, liberto meus segredos e os vejo transformar o tempo. Percebo que alguns momentos foram feitos para compartilhar, trocar, bater figurinha.
E eu te engulo e te sinto dentro de mim, e percebo que o gosto da vida alheia é doce como bala, se você souber como chupá-la sem estragar os dentes. E confesso, quase tudo é alimento para mim. Quase tudo vira história, vira pó e, às vezes, esquecimento, mas o lado bom de não frequentar a igreja é quase nunca precisar se confessar e as coisas que confesso são escolhidas por mim, e somente por mim.