DE ALMA NA MÃO

Se a maçã é pecado

tenho muito a devorado

e comido e lambido os beiços,

rezo ao sexo do Paraíso

sem o uso de terço,

vivo a exclamação do instante agora,

o ponto final nunca virá, demora,

é só o êxtase repetir

e declará-lo, nessa hora,

a única forma de sentir

o que está lá fora

e de nada fugir...

A hipnose da gnose em doses

homeopáticas está sendo distribuída,

se alguém tem algo a declarar

declare que isto não é vida,

estamos imersos no calabouço do celular,

do laptop, da televisão,

estamos fadados a andar em volta

da mente entupida, de alma na mão,

voltando aos tempos de renúncia e choro,

já decretamos a morte do decoro,

estamos comendo a nós próprios,

nos tornando a própria comida,

perto do fim abissal,

rumo a nenhuma vida...