DIA DE FESTA
Me conta
porque a vida apronta
tantos desencontros,
porque somos piões a rodar
e nunca estamos prontos
a acertar o alvo e cravar
a flecha do desquite
entre a boa notícia
e o mal alvitre,
diga logo,
sem fazer o prólogo,
porque estamos sempre diante
do espelho embaçado,
mesmo sabendo que atrás
há um céu claro,
vidro espesso e raro,
de bombom e diamantes,
diga, nesse instante,
se o mal estar da civilização
é só um edema passageiro
ou ruptura constante
a desestabilizar cada coração...
Anuncie o fim dos tempos
de penúria e regulamentos,
de leis abstratas
que tanto nos maltratam,
fale, sem ser profeta,
porque só a alguns
é sempre dia de festa...