DECERTO NEM PERTO...

Logo hoje que te procurei você não estava...

Andei por becos, lugares ermos, botecos, buracos,

igrejas, prostíbulos, mansardas, palafitas,

jornais, bibliotecas, castelos, ruínas,

nenhum sinal ou vestígio de ti...

Saíste à minha procura, andou por vãos, vielas,

casas de família, de repouso, de gozo,

soturnas casernas, quartéis, motéis,

teatros, cativeiros, públicos banheiros,

nada de mim, não sou tão difícil assim...

Acho que somos estrelas em quadrantes do espaço

onde procuro o teu brilho e nenhum sinal acho,

somos cometas a vagar pela imensidão do inconsciente,

meteoritos da alma a buscar lugar de pouso, de repente...

Ou somos meramente imã e refração,

nunca nos tocaremos, nem por afeto,

jamais siameses, jamais único coração,

nunca juntos dantes e nem agora, decerto...