Pôr do Sol
Quando te vejo, sol,
Sinto como se parasse no tempo,
Como se não tivesse problemas
Por um momento.
Não ouso olhar diretamente para ti,
Antes enxergo como que por reflexo,
Tiro fotos para poder contemplar-te,
Pois o teu brilho é grandioso.
A tua presença é tão intensa durante o dia,
Mas a tua despedida é terna,
Me faz imaginar e divagar em pensamentos
Quando o crepúsculo chega.
Pelo último raio de sol eu espero,
Quando a chuva cai, ao final da tarde,
Minhas despedidas vem todas à tona,
Todas as ilusões que um dia se desfizeram.
As idealizações que venderam-me,
Outras criadas por mim mesmo,
Os seus números são incontáveis,
Não as conto, quando percebo, já se foram.
Mas ao menos servem-me para alguma coisa,
Quantas vezes já escrevi
Por pura e simples paixão,
Quantos poemas redigi?
A verdade é que escrevo sob inspiração,
Sem a qual não sinto vontade de escrever.
Posso usar a arte como pretexto,
Mas parece-me que preciso vivenciar primeiro.
Então crio o cenário perfeito,
Algo que um dia pode tocar-te,
Falar de alguma forma ao coração,
Trazer ternura aos dias amargos.
Dias obscuros, no mundo lá fora,
Muitas coisas acontecem de ruim;
Enquanto eu, aqui, apenas contemplo
O final de mais uma tarde de novembro...