Biografia
Uma flor que nasce, purgando o ar,
Exalava candidez, rogava sensatez,
O tempo seu destino, o espaço seu lar,
Nem rega, nem aragem,
Inibia seu madurar,
Triunfava sua coragem,
Diante aqueles, que ousaram ali deplorar.
Mostrava-se amadurecida,
Jamais tão deslumbrante,
Vangloriava sua vida,
Em seu tom rubro, brilhante,
Espinhos carimbavam seus pecados,
Acamou fortunas, também descasos,
Não cogita o porvir, cruelmente,
Confiava o presente interminável,
Ignorava a existência indigente.
Até a mais fulminante graça
Vinha um dia a perecer,
Secava, sem pressa,
A última pétala a dissolver,
O fim do ciclo, o fim da peça,
Mas outra, majestosa, veio a nascer,
Notou sua passagem, secava, sem pressa,
A última pétala a dissolver.