NOS PASSOS DA VIDA

A vida não está atada ao tempo

como um cisco preso ao vento,

dentro da íris um olhar guardado,

carta antiga aninhada num baú fechado...

Com a graça de um cisne a vida se move,

a força de um vulcão que a crosta rompe,

a mão estendida que ao mais frio comove

antes que o corpo fragilizado tombe...

Gastá-la, doando, com amor e felicidade,

diante de quem vive em espanto e perplexidade,

soltar os cordões presos à mãos de marmórea rigidez,

viver a leveza do ar pois foi assim que a brisa se fez...

Que o passado passe e se torne fumaça transparente,

translúcido, vago como a memória de um objeto perdido,

mas que não perca a marca sempre onisciente

de saber que viver é muito mais que olvidar o olvido...