Aquela Dormida de Rede

Passava o dia na praia, almoço la para as tres. Um rubacão, uma fava, buchada, ou uma peixada com molho de camarao. As vezes um sarapatel, galinha a cabidela e pra’aquele molho dela, manteiga da terra com pão. Chegava da padaria quentinho queimando os dedos. E como acompanhamento e o orgulho do momento, um cheiroso feijão mulatinho com uma tora de toicinho, piqui e farofa, uma salada de alface e o palmito no cantinho. A sede era de matar e para complementar, as frutas que agente tinha, abacaxi, graviola, pitomba, manga, ciriguela e pinha. Na casa de Dona Estela, minha amada mae, Etelinha, os mais famosos sucos de la eram acerola e caja.

Depois de encher a panca, dormia como uma crianca, parecia um bezerro novo, sem querer saber do povo, nem da conversa que teve, nao pensa mais no almoço, nem no suco, nem salada, nem fruta nem nada. Ja passou sua fome ja passou a sua sede, o cabra so pensa numa coisa; aquela dormida de rede

Armava la no terraço, deitava de bucho pra baixo, metade da cara na rede a outra metade na brisa. De calçao e sem camisa e ainda de corpo quente, um lençol bem geladinho. O radio o volume baixo, o braço direito pra cima e o esquerdo pra baixo. Dormia como uma pedra, o corpo tenso e exausto do dia que o cabra teve. Não tem melhor resultado, uma coisa tao formidavel, que aquela dormida de rede

Papyrus
Enviado por Papyrus em 17/11/2017
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