INEFÁVEL PARTITURA

Se viemos da estrelas,

por quê não sê-las,

no infinito deste momento,

fugazes brilhos ao vento

da expansão do universo,

já que estamos aqui, imersos?

Se somos à imagem e semelhança

de deuses sem elmos ou armaduras,

por quê nossa alma já não dança

segundo a mais inefável partitura?

Se temos a possibilidade de saber,

por quê não sabemos o imponderável,

a melhor forma de reconhecer

que somos o composto atômico viável?

Se somos tantas perguntas,

por quê se afastam de nós as respostas,

por quê elas não se juntam

e se tornam asas às costas?