Cantares do poeta
Pelo mundo que caminha só
Pelas multidões que seguem cegamente o acaso.
Pelos doentes que vegetam nos corredores dos hospitais
Mas da vida não abrem mão.
Pelos velhos que se recolhem à infância
Na busca de um dia a mais.
Pelos jovens que lutam, estudam, trabalham, amam
E sonham em reger o mundo amanhã.
Pelos amantes que amam a muitas
Mas gritam por um amor único e verdadeiro.
Pelos juízes que julgam a todos
Mas são réus de si mesmos.
Pelos médicos que salvam inúmeros
Mas choram pelos poucos que perdem.
Pelos ricos que têm créditos para tudo
Mas mesmo assim sentem os débitos em seus corações.
Pelos amigos que chegam, ficam e partem
E deixam um pouco, deixam muito de si.
Pelos pobres que nada têm
A não ser a esperança que também é vazia.
Pelas flores que lançam seu perfume ao vento
E seu colorido em nosso tempo.
Pelos pássaros que têm a liberdade de voar
Mas sempre retornam ao ninho, porque o seu amor está lá.
Pelo sol que é crescimento e vida
Por nossa natureza que geme cada dia mais.
Por nós que pecamos
Contra tudo e contra todos.
Mas sentimo-nos inocentes
Até prova em contrário.