DIVINA SENSAÇÃO

Depois de um tempo esqueci o cofre,

diamantes dentro do pote,

colares fulgurantes,

saudades das conchas pelas pérolas,

mansões delirantes, pérgulas,

descobri o bom do abraço,

no céu o amor traça o traço

que junta dois num risco só,

o riso que salva o coração

de penar e sentir dó...

Depois de mais um tempo esqueci a saudade,

daquelas que se instaura e invade,

nem me lembro de cobre e ouro,

vai que daí descubro o tesouro,

ficar abraçado ao corpo plantado

num parque displicente,

a árvore ali em frente,

rindo, contando ao mundo

o quanto é fundo

o poço da paixão...

Depois que esqueci o tempo

inventei o desinvento,

dei-me ao dar-me ao vento,

leis mutáveis em física desmontável,

rompi com a métrica assassina,

amei mais do que podia,

tanto, que veio morar comigo a dona poesia,

bela menina,

feita do jeito certo

para um coração deserto,

de cactus e ravina,

eu, revi cada conceito

e passei a viver do que tenho no peito,

a sensação celestial, divina,

pelo amor, eleito...