A HISTÓRIA DO HOMEM

Veio ao mundo para copular e reproduzir:

mesmo sabendo dos riscos evitados,

aprendeu com a pedra

a rolar e a fruir...

Buscou no espaço aberto à imaginação

a resposta big do bang como num faroeste:

achou a cura da ignorância,

não evitou a peste...

Traçou na Capela Sistina o toque fundamental:

o dedo de Deus, em doce toque,

salvou-o da permanência animal...

Foi à Lua e mirou o vazio:

como evitar, da solidão,

na espinha, o frio?

Arrasta sua foice a decepar a natureza:

a angústia mineral e a dor aquática

nele não refundam a beleza...

Criou a paz e a guerra como palavras irmãs:

a uma deu o poder das feras

e à outra a imanência sã...

Começou com obscuros ruídos

e chegou à Babel:

bebe e, senhor, é servido,

dando ao verdadeiro o fel...

Nenhuma pergunta dele receberá resposta

de oráculos, runas, cartas, profecia:

vive o oculto ocultando o que gosta,

jamais lerá a eterna e perfeita poesia...