A vida de um Bem-te-vi
Dono de uma barriga amarelinha.
E de um canto suave e singular.
Em qualquer lugar que eu esteja,
Identifico um Bem-te-vi a cantar.
Ele tem uma liberdade encantadora.
Quem olha de longe, até, pensa que ele leva é uma vida muito boa.
Mas a verdade é que ser pássaro solto no mundo,
Carrega seu desespero profundo.
Sempre em busca de um lugar seguro para ficar.
Bicando as migalhinhas do chão.
Mesmo com asinhas prontas a voar a todo lado,
Ao final, eles também querem proteção.
Mas não em gaiola trancada. Não!
Eles querem ser acolhidos pela mãe natureza,
Que tanto tem a lhes oferecer.
Mas, de repente, o mundo ficou tão cinza e de concreto.
E o destino do Bem-te-vi ficou incerto.
O verde foi desaparecendo.
E o Bem-te-vi se pergunta em que mundo seus filhotes estão crescendo.
Ninguém mais percebe a sua musicalidade.
É muito barulho aqui na cidade.
Mas ele persiste na cantoria,
Mesmo com tantos desafios na sobrevivência.
E eu é que agradeço a persistência,
Porque seu canto me dá alegria.
No meio de toda essa agitação, a gente precisa aprender a ouvir com o coração.