DESDE AQUELES TEMPOS

Você nem nota,

mas escrevo com a tinta da aorta

a poesia de busca e farejamento,

lanço centelhas no impoluto vento,

caço sinais imemoriais de planetas distantes,

traço em mim o mapa de todos os instantes...

Você nem nota,

mas passo tão perto de sua pessoa

que o alarme forte soa,

parece que vou te alcançar,

dizer algo,

te tocar,

mas o rugir da tempestade que se aproxima

nos afastam como se fôssemos anti-imãs,

noto então

que com a do universo se parece a batida

do teu coração...

Você nem nota, mas estamos vestidos,

nos falamos por detrás do vidro,

eu te escuto, me ouve,

não fazes o mínimo sentido,

eu sei que você soube

que nos perdemos desde os tempos do umbigo...