NEM PARECE...
Nem parece,
mas á medida em que a velocidade cresce
mais a meditação faz efeito
gerando dentro do peito,
em pulsação adequada,
o batimento perfeito
que nos eleva
à nossa raiz quadrada,
todo o peso do corpo
levitando como fosco
corpúsculo de isopor
na altura mais que adequada,
sem a medida do prazer,
sem a extensão da dor,
sem a demolição da palavra...
Nem parece,
mas quanto mais perece
a confusa filosofia do tempo já vivido,
mais a nova filosofia fará sentido
à todos nós, que somos a voz que erguia
a trombeta no alto da torre do castelo,
bardos cantores dos tempos de flagelo,
versos livres da mais límpida poesia...
Nem parece,
o céu já se funde com o chão,
as asas que nascem nos bebês
os fazem levitar sobre a multidão
de órfãos do passado, gerúndios gerados
na possessiva poesia de versos calados,
nós, aqui, a gozarmos do bem da palavra,
que em pó de estrelas fomos enviados...