Zero
Alô, aqui quem fala é mais um escravo ciente da escravidão
Sou mais um que fala o que deveria ser dito por mais de um milhão
Não pode ser eu o único ser a ter essa visão
Eles vendem a vida a prazo e mal conseguem comer o pão
Eu tenho vergonha porque durmo pouco
durmo pouco e muito sonho
Aqui já bugou tudo, pra onde aponto a luneta vejo tudo estranho, essa miragem é o que te proponho
to vendo bem mais de dois planos, muito mais de mil sonhos
Meu problema é a algema que sempre trava meu sistema,
Eu sinto por ser eu mesmo por isso me solto em outro dilema
Essa sede de ironia é o que me prende na liturgia de ser mais alchimista do que eu posso pra fazer cirurgia em quem não gosto
Eu te dou tudo o que eu queria e tranco tudo o que não gosto
Eu sou um troço não gosto, mas ce pode copiar
Aguento o que posso e não posso levar
O outro, solto, vem pra ajudar
Eu vivo sem energia porque ele vem pra exalar
Eu sou o estranho e curioso bicho solto, envolto em outro ponto solto
O alfaiate no porão desfazendo minhas veias em outro conto
Pronto, tonto, cuidado pra não rasgar porque se o meu desfaz você perde o encanto
Coração um cofre trancado a sete chaves
Isso é o mais estranho, não tenho a chave e nunca consegui olhar
Esse cenário é estranho, trocaram minhas bagagens que deixei ali no armário, eu to vivendo vivendo ao contrário ou só desci no lugar errado ?
Eu sou, a estranha pedra de poeira sempre com fome, sede e olheira, engulo o que posso e não posso mudar
mesma cor, outro dia com a falta de harmonia me da mais sede do remorso e leva toda energia
Eu até tentei me adequar a esse mundo, mas o medo mais profundo sempre me joga pro meu mundo
eu to trancado num tambor, quase explodindo pela dor e trancado pelo pudor
Algemado na cegonha
Só mais um filho da maconha protegido mais um dia pela saudade da dor.