O Pintor
O Pintor
Sobre as cores mais realistas,
Cores mórbidas estou pintando.
E enquanto tudo perde o sentido
Velhas manchas voltam a tona.
Quanto mais cinza, mais cruel
E o nu vazio reflete a solitude.
Quiçá haja algum fio de pureza,
Por hora há somente divagações.
No preto os sonhos vão sumindo,
Essa arte é repleta de confusão,
Eu vejo dois mundos se partindo,
Nos traços melancólicos do pincel.
Tons desfavorecidos de encantos
E assim tornam a alma uma refém.
Sem um manto que lhe possa valer,
As verdades que encobre seu ser.
Uma mão pinta e a outra é açoitada,
Nas tintas do passado gritante na tela.
São ferozes as linhas de expressão,
Como o tempo que empobrece o riso.
Não poderia imaginar outra pintura
Que fosse mais fiel ao estado interior.
Não há brilho, atração, sequer aplausos
Somente um borrão na tela do pintor
Paulo Victor