Almas sórdidas

De teus lábios vertem um destilado veneno,

Ao úmido toque, perdi meu tato em seu efeito;

Indolente, fui abrindo meu peito perdendo o receio.

Ah! Embriagado pelo carmesim que te escorre.

Minha boca tangente ao teu corpo,

Reveste tua pele pálida e rosada;

Ascendo dos joelhos as pernas acima separadas, suada.

Condicionado, fui por vezes liberto, agora ando morto!

Homem, vil e faminto, devoro toda forma vital,

Quero mais, quero até tua alma.

Sorvendo aos poucos e tragando com calma.

Nos espelhos, quando passo, vejo um animal.

A noite parece não ter fim, meu sangue sente um frêmito,

Que aos poucos embaça a vista e turva os pensamentos.

Desperto do sono e tua imagem vem junto aos rebentos.

Em nossas horas promíscuas, me sinto vivo, indômito.

Douglas Michelin
Enviado por Douglas Michelin em 05/10/2017
Reeditado em 26/07/2020
Código do texto: T6134242
Classificação de conteúdo: seguro