QUERIA...
Queria dar-lhes meus olhos cansados
para que vissem o que estou vendo agora
homens nas calçadas abatidos e esfumaçados
a esperança fazendo as malas e indo embora...
Queria que vissem minha amada chegando
para me trazer um momento de felicidade
que é quando me vence o amor e amando
sigo pelo caminho com minha puída verdade...
Queria que enxergassem os filhos da minha terra
em busca de um lugar para descansar seus ossos
e mil portas fechadas como se eles fossem feras
que viessem acabar com todos os nossos esforços
e quando perguntam onde podem comer e descansar
ouvem pelas frestas que o lugar deles é no fundo do mar...
Queria pousar minhas mãos sobre as tuas
e dizer-lhes que somos semelhantes e diferentes
e que nossas almas andam livres e nuas
pela campina onde Deus nos tornou sua gente
e juntos nos ajoelharmos em contrita oração
pelo bem de todos e de tantos que de repente
são abatidos pela maldade que campeia no coração...
Queria mas sei que não posso sozinho alcançar
o sonho de liberdade e nem o posso sozinho imaginar
quando nossas mentes estão tão distantes e separadas
pela razão de tantos que buscam poder e para isso nada
querem senão a máscara demoníaca como fosse um Avatar
aquele que andará pelo mundo espalhando a falsa palavra...
Queria terminar esta poesia revelando a verdade mínima
que há escondida no sino que toca e no rebanho que passa
sem saber porque segue sem saber qual é a sua sina
mesmo que reze e ore e peça por uma única graça
que é viver com humildade além dos egos que se alimentam de ruínas
que os engenheiros da destruição erguem nos corpos em cada esquina
verdade de cada um que a mentira danosa a cada uma ultrapassa...