DEPOIS

A cada dia nasço

sem querer ser o poema inteiro

apenas um traço

que busca ser o primeiro

de muitos que virão

determinados pelo desenho

que rabisca o coração...

Depois de nascido

vigio para não ser comido

pelo silêncio

do poema natimorto

aquele que veio sem rosto

a perguntar por sua mãe e pai

que pensava ter nascido ode

mas que vive como um hai-kai...

A cada dia

desfaço o que me fez a letargia

sonhando me dominar

simplesmente porque não nado

prefiro flutuar...

Depois de ter voado pelos quintais do céu

pouso sobre a imensa árvore

que guarda suas caixas de abelhas

e consequentemente

seu saboroso mel...