Primavera interior
Quando é inverno em mim
Tempestades parecem não ter fim
Dias nublados, cinzas, sombrios
Alma em tenebroso frio
Trovões de soluços e gemidos
Chuvas, lacrimejantes chuviscos
Ventos a uivar ruidoso clamor
Sopram com intensidade e furor
Mas, no meu íntimo, as estações se sucedem
Depois das intempéries, os brotos crescem
No alto, a nuvem carregada se dissipa
A atmosfera torna-se clara, límpida
Em primavera, interiormente, desperto
Das sépalas fechadas eu me liberto
Vejo que a ventania não mais avança
Feito criança, brinco com a brisa leve e mansa
Sinto-me jardim. A natureza, enfim, desperta
De luz, cores e vida, torno-me repleta
Como pólen viajante na efemeridade do tempo
Primavero...floresço com a beleza do momento