Cocadas Doces
Pimpinela tão linda
És uma criança ainda
Bonecas lindas
Eu desejava
Cocadas doces
Eu vendia
Belos vestidos
Eu admirava
No árduo sol
Eu trabalhava
Me tiraram a infância
Me fizeram ser escrava
Minha Mãe
Ela era cruel
Minha Mãe
Ela era egoísta
Minha Mãe era perversa e me batia
Meu Pai
Ele era lindo
Meu Pai
Ele era brincalhão
Eu tinha um Pai que não me batia e me amava
Na loucura de uma separação
Fui levada para longe com os meus irmãos
Mulher má
Mulher deveras egoísta
Mulher má
Mulher que era a minha Mãe
No vai e vem do balanço
Com uma brisa suave ao rosto
O mundo se torna distante
A alegria da liberdade invade-me à brincar
Embaixo da formosa mangueira
Minhas bonecas são feitas das mangas
Elas são belas e me alimentam em alegria
Amigas perfumadas, doces e com tom rosado
Eu que desejava bonecas
Um desejo simples de toda menina
Cocadas doces
Eu vendia
Belos vestidos eu admirava
A admiração era igualmente toda moça
No árduo sol
Eu trabalhava
Me tiraram a infância
Me fizeram ser escrava
Mergulhei no mar profundo
Loucamente saltando da Ponte Pênsil
Não ouvi nada
O escuro me invadiu
Ao emergir velozmente
Eu vi o céu azulado e lindo
Então, eu vi os olhos do meu Pai
Azul, azulado e infinito
Eram os olhos do meu Pai
Minha Mãe era cruel
Minha Mãe me batia
Minha Mãe tinha outro homem
Minha Mãe não me protegia
Lágrimas me invadiram diversas vezes
Derramei amargos e tempestuosos oceanos
Minhas tristezas e angústias
As quais ninguém ouvia
Apanhava da minha Mãe
Apanhava de um homem que ela tinha
Eu lanço-me em um olhar
Um passado triste
Um presente livre
Um futuro feliz
Pimpinela tão linda, quando cresceu pôde dizer:
- Cocadas doces... eu vendia.