O POETA
O poeta arde em fogo invisível
e o mais incrível
é que não se queima
e teima
em cuspir labaredas
como fosse um maçarico
golfadas eletricamente fuleiras
vulcão rico
vãs ardências e outras besteiras...
O poeta doma o cavalo de fogo
desenhado para seu gozo
e cavalga planícies inabitáveis
onde só poucos com coragem
visitam no dia-a-dia:
a humilde cabana
onde mora a poesia...
O poeta é um desses
à beira-mar e morrendo de sede
desses que cultuam vagens
onde colhe palavras
que vão levá-lo à viagens
interplanetárias
andando pelo passeio público
sussurrando bobagens
nos ouvidos do vento
que para para ouvi-lo:
pensando ter ouvido
o canto de um grilo
paira por um momento...
O poeta é o vaso comunicador
entre as hostes de versos
dadas pelo Criador
aos despertos
pelo espinho do amor...