Ponteiros.

Anoitece outra vez

Acaba mês, começa dia

Se eu conhecesse a verdade

Contava pra todo mundo

O valor de cada segundo corrente

Existente na roda do tempo

Onde cada momento

Representa a uma ínfima engrenagem

Um fragmento de fração

Eu penso em nem pensar, mas penso

No silêncio do relógio, que tiquetaqueia

Permeando o bojo da vontade

Fortalecendo de verdade

O fraquejar da vida

Que eu sei, haverão de ecoar

Por toda uma eternidade

Perdidas, irremediavelmente perdidas

Por detrás do vidro convexo

Que expõe pra todos nós

E ao mesmo tempo nos afasta

Do relógio Universo.

Impedindo-nos de tocar nos ponteiros

E parar, nem que fosse por um único instante

O tempo que se vai ...e nos arrasta

Pra algum lugar muito além

de qualquer coisa que talvez

Alguém pense em chamar de fim

E enquanto isso

Amanhece outra vez.

Edson Ricardo Paiva.