TARDE

Chegou calmamente

Trazendo uma friagem

No riso estridente

Uma presença passagem

Ligando o nada ao tudo

Seguindo o rumo findado

Hoje parece finito

Na hora de hoje marcada

Se pensa que pensa algo

Que hoje supunha real

Compreende ao cair da tarde

Que sempre é instável.

Olhando a porta que se abre

Ou vendo o céu que se fecha

Chegando a hora que passa

O dia termina inquieto

Possibilita o pensamento passar

Ligar o presente sem ser

No caso finito do ar respirável

Para o intuito de viver

Conta no ser sem estar

Pressupõe que passou

Sem ter passado

Cantando a tarde que vai

Observando o dia que chega

Quem vê não pensa que é

Supõe não conhecer

A tarde que vai devagar.

E se pudesse reter o olhar

Naquele minuto traçável

Segurar o ponteiro do tempo

Seria ato louvável.

No calar da voz que falta

Silencia o dia que cede

No coração que bate apertado

Partindo no tempo que antecede.

NEUZA DRUMOND
Enviado por NEUZA DRUMOND em 03/09/2017
Código do texto: T6103599
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