Poema Insignificante

Tenho feito juras de amor em vão e promessas inalcançáveis

Tenho feito teorias mal compreendidas e colecionado desejos insaciáveis

Tenho prometido mais do que posso dar e carregado as decepções como amuleto ignóbil

Tenho abraçado a solidão com uma vontade difusa da ausência

Tenho carregado o peso das coisas ridículas e andado sem paciência

Tenho questionado a vida e me irritado com as pessoas felizes

Tenho praguejado versos compilados na mesmice

Tenho comido mágoas até soluçar de gula

Tenho enfrentado a morte com uma má vontade absurda

Tenho fingido graça para não ser questionado sobre a minha tristeza

Tenho respondido a tudo com palavras antipáticas em tom de aspereza

Tenho dormido no meio da rua do meu coração vazio

Tenho procurado um sentido na contramão do meu rio

Tenho questionado a Bíblia e falado mal do pastor

Tenho contado mentiras com os olhos de amor

Tenho procurado o silêncio enquanto meu peito grita

Tenho me vestido de indecência para o baile da vida

Tenho dançado ao som das notas impuras

Tenho procurado a luz nas noites escuras

Tenho avançado o sinal vermelho por impaciência

Tenho sofrido calado por obediência

Em tudo, se realmente há tudo, tenho sido submisso ao universo

Mas ao menos com a minha derrota eu continuarei rimando

E com meus versos insignificantes falarei da minha insignificância enquanto eu, insignificantemente, continuarei no diminutivo das minhas aflições ínfimas.

Pedro De La Rosa
Enviado por Pedro De La Rosa em 23/08/2017
Reeditado em 26/08/2017
Código do texto: T6093013
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