Poema Insignificante
Tenho feito juras de amor em vão e promessas inalcançáveis
Tenho feito teorias mal compreendidas e colecionado desejos insaciáveis
Tenho prometido mais do que posso dar e carregado as decepções como amuleto ignóbil
Tenho abraçado a solidão com uma vontade difusa da ausência
Tenho carregado o peso das coisas ridículas e andado sem paciência
Tenho questionado a vida e me irritado com as pessoas felizes
Tenho praguejado versos compilados na mesmice
Tenho comido mágoas até soluçar de gula
Tenho enfrentado a morte com uma má vontade absurda
Tenho fingido graça para não ser questionado sobre a minha tristeza
Tenho respondido a tudo com palavras antipáticas em tom de aspereza
Tenho dormido no meio da rua do meu coração vazio
Tenho procurado um sentido na contramão do meu rio
Tenho questionado a Bíblia e falado mal do pastor
Tenho contado mentiras com os olhos de amor
Tenho procurado o silêncio enquanto meu peito grita
Tenho me vestido de indecência para o baile da vida
Tenho dançado ao som das notas impuras
Tenho procurado a luz nas noites escuras
Tenho avançado o sinal vermelho por impaciência
Tenho sofrido calado por obediência
Em tudo, se realmente há tudo, tenho sido submisso ao universo
Mas ao menos com a minha derrota eu continuarei rimando
E com meus versos insignificantes falarei da minha insignificância enquanto eu, insignificantemente, continuarei no diminutivo das minhas aflições ínfimas.