Quem foi que me deu?
Do nada, foi repentino. Me deram uma e um destino. Não me perguntaram se, por um acaso, eu a desejava. Foi do nada que me mandaram, do nada!
É olhar pra trás e não saber o começo. É mirar o futuro e dele não prever 1/3. É buscar em mim uma resposta óbvia pra essa indagação. Sou obrigada a viver e sem manual de instrução?
A vida é tão cheia de si que até num absurdo me ponho a pensar. Será a vida dona de mim, e eu mero objeto por ela passar? Dizem que a minha eu não posso tirar. Mas já viu? Mal sei como viver, quem dirás me matar.
Falando nisso, corajosos são os que vivem a cada dia. Haja paciência pra receber o tempo-presente, que agonia!
Nem pra optar sobre minha vida eu servi. Duvido até do meu potencial de questionar o devir. Deveria! Deveria sim ser questionada. "Ei, menina, por um acaso, deseja enfrentar essa empreitada?"
Mas não. Recebi um monte de missão, ousando-me a ela desvendar. Quais os mistérios da vida, qual minha razão de estar? Estou ou não, quem me garante? Até o tempo passa e é inconstante. Através dos meus sentidos, meu cérebro capta uma realidade divagante.
A dádiva a mim concedida é tão ordinária. Diria ser ela, em respeito à morte, uma prisão temporária. Mas, ainda que eu não saiba o porquê, melhor eu cumprir. Ora veja, recebi a vida antes de podê-la refletir.
E eu, me achando, supondo que minha autonomia parte do meu "eu". Vá cuidar da vida, da minha, da sua, disse Deus!
01:20h, 14/01/2017