Resta-me
Resta-me, o pranto da vulnerabilidade da vida breve,
tornei-me um desolado perdido entre novidades decrépitas,
um ser carcomido pela traça do destino de incertezas,
o meu idealismo esvaiu na espera da esperança tardia,
meus pés sangraram nas pedras que destilam poemas.
Resta-me, o pranto do filósofo a espera da taça de cicuta,
no meio de uma multidão de solitários de pensamentos mecânicos,
A mídia podre e dominadora manipula o pensamento dos fracos,
Governos faraônicos ditam a normas e sucumbem a liberdade,
e a vida passa esquecida na estrada vazia de poetas.
E depois do pranto, o que me restou? A imensidão de devaneios eternos na contradição entre a vida e a morte, o riso da lágrima vertida no consolo dos versos amadores. Restou-me flores eternas nos jardins da minha saudade alada, restou-me o canto embargado na minha garganta, restou-me palavras inefáveis que deslizam sobre plumas no horizonte da felicidade eterna. Restou-me o menino sonhador que mora no meu interior e que continua a jogar pedra na vida. Restou-me o tempo que viaja na seleção incansável de dias intermináveis, mas, sempre em cada retorno ele me traz a orquídea branca, que alimenta meus sonhos e traz paz ao meu coração.