MEUS CENTAVOS
Eu ganho meus centavos
E as eles dou-lhes valor,
Não importa serem moedas,
De qualquer maneira é “grana...”
Eu tenho meus “grilos”
E eles umedecem meu coração.
Destoo, pareço assim meio vulgar,
Rondo o quotidiano, busco um lugar
Onde eu possa viajar dentre alegorias
Que produzo em minha fábrica
De inspiração. São lindas fantasias!
Efetivamente tudo eu ganho.
Meus centavos valem muito,
Pois com eles nutro minha alma
Com um doce alimento: esperança!
Não tenho receio de me ver perdido,
Na verdade é necessário que me perca
A fim de que possa encontrar-me
Diante de minha consciência...
Nem toco na inconsciência, é nula
E vive a confabular com os sonhos
Que insistem diariamente em ser reais...
Ora, a realidade é uma chama em mim
E ninguém toma ou apaga, porquanto
São os meus inesquecíveis centavos.
Posso ratificar então que tudo tenho.
Quem sabe valorizar seus centavos,
Certamente de tudo entende
Visto que esses irrisórios valores
Parta uns são a epopeia de quem
Sabe exatamente o que quer da vida.
Não me aparto dos meus centavos.
Da parte inteira tenho apenas notícias
De que a inflação a corrói dia após dia,
Logo meus centavos são meu espelho,
Minha alça de mira, sempre são top...
Enquanto a maioria os menospreza,
Eles limpam meus sapatos,
Engraxam minhas botas,
Dão brilho ao meu atelier...
E meu atelier nada mais é
Do que a mão estendida perante o povo:
Dê-me uma moedinha pelo amor de Deus!
DE Ivan de Oliveira Melo