SOUBESSE...
Soubesse o homem a que destino teria direito
teria posto sem pestanejar em seu peito
um diamante cravejado de sangue real,
teria posto o filamento que acorda o animal
e o faz despertar para as promessas do futuro,
o faz saltar bruscamente para a clareza, do escuro...
Soubesse o homem que a cada ato há outro ato à sua espera,
teria domado seus bruscos gestos e esclarecido à sua fera
que o lugar do vermelho é dentro do cofre,
sem chagas, riscos e cortes...
Soubesse o homem que o que dá há de a si retornar
daria até suas vestes a quem passa coberto pela peste,
daria seu peito, pequeno oceano, para se tornar um mar,
faria de sua bússola o fator de busca infinita e celeste...
Soubesse o homem que o futuro nada mais é do que o presente,
saberia que a cada passo dado há outro mais eloquente
a esperá-lo e o coração da bússola lhe dando, de repente,
o rumo desejado para o bem estar que cabe a cada vivente...
Soubesse que sua alma é a varanda dos espíritos,
que sua carne é o repositório do fogo ardente,
saberia transformar em música seus gritos,
saberia ser à noite que chega o sol poente...