Dureza

Sou dura!

Dura como a vida me fez,

Uma desestrutura.

Dura como a minha pele.

Senti na pele a clausura

Do abandono, do desespero.

Do medo que aprisiona a alma inocente

E, entre grades, a candura.

Deste escuro abismo, qual a altura?

Sou dura!

Dura pela jornada.

Resultado da semeadura, sem brandura.

Dura como a rocha inteira, junção de areias.

A agrura

Do espelho interno,

Do retrovisor revelando o reverso da minha mente.

Enganosa envergadura.

Deste vulcão, falsamente adormecido, qual a temperatura?

Sou dura!

Mais dura que o diamante,

Porém, sem o esplendor do brilhante.

Uso a armadura

Tranquei sete fechaduras.

Dura como concreto abstrato,

Em rachadura

E tudo perdura

Me ata, atadura.

Meus ferimentos sutura

No céu noturno onde estão as estrelas

Desta longa noite escura?

Onde encontrar a abertura, uma abreviatura,

A cura?

Dê-me asas por que preciso voar.

JANET VITAL
Enviado por JANET VITAL em 01/08/2017
Reeditado em 29/07/2020
Código do texto: T6071032
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