FLOR DE LOTUS

São dez da manhã

Tem alguém em casa?

Eu acordei chorando

Tive um sonho ruim...

Vi a vida passando por mim

Eles se foram sem avisar

E por mais que eu corresse

Só alcançava o ar

Eu cansei e caí da escada

E quando avistei aquelas faces

Acreditei que fosse milagre...

Me rodeavam, mas sem me olhar

Era somente um assalto...

Bem sei, não foi caso pensado...

Eles só não souberam notar

Mas quem é sensível

É quem mais sente...

E a nossa mente

Por mais que tente

Não sai da caixa...

Pesadelos viram espelhos

Ninguém é digno de confiança

É o que acontece

Quando se é adulto ainda criança

E já não nos permitimos sonhar,

Não, não podemos errar...

Niguém me tirou de lá

Daquele penhasco

Que só eu posso escalar...

O céu não tem estrelas

Os beija-flores se tornaram corvos

Corroendo meu corpo

E se afastam demais

Pra revirar seu vômito...

Quando me vê, o sol se esconde!

Ninguém é meu amigo!

O amor não vai ficar comigo -

Em quem eu posso acreditar?

Ninguém devolveu as minhas vestes?!

Ninguém percebeu que fui roubado?!

Ao contrário...

Os espectadores me aplaudiram...

Com tomates podres e grãos de milho!

No meu silêncio, nutrida...

Braços cansados

De lutar pra nada

Numa ilha de lama

Eu floresci...

Sete

Quatorze

Vinte e um

Vinte e oito

Trinta e cinco...

Flor em si...

Chega!

Pronto!

Prosa e poesia

Tristeza e alegria mistas

Já não me assombro

Abri o conto...

Aos capítulos dos sonhos.

Yara Chima
Enviado por Yara Chima em 30/07/2017
Reeditado em 30/07/2017
Código do texto: T6069362
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