O tempo
De longe, com uma melancolia boa, eu não conseguia traçar uma linha sequer.
Queria dizer algo, e queria ter a liberdade de usar minhas palavras, mas que audácia usar das palavras que ficam tão bem escondidas em baixo de uma mente inquieta;
A verdade é que eu queria inventar um modo que os meus pensamentos se revelassem, sem que eu precisasse dizer;
Queria que minha expressão não escondesse o que é óbvio (para mim).
Nenhum amontoado de frases e textos inacabados da minha gaveta completaram a minha indagação; talvez aqueles fossem outros momentos.
É que a chuva da tarde levou embora todas as opções, fez do olhar um observatório da vida.
Eis que tenho desfocado todos os detalhes;
minha vista permanece turva e a vulnerabilidade me toma.
Isso é perigoso, pois no meio de tanta confusão há pessoas que roubam: espaço, abraço, pedaços; canção, coração, desejo, imaginação; Dizem que as as coisas só acontecem quando a gente deixa acontecer.
Talvez o que me falte seja a compreensão, o que aprendi é que a cada dia a vida se torna curta.
Eu, por inocência ou ignorância não havia notado, mas oportunidade é passado, o tempo não chega, ele vai.