Latência
O vento que serenamente sopra,
Nesta manhã em que o sol vacila
Recolhe, timidamente, a sobra,
Do que no afã de ser sonho, oscila.
Por entre os opostos: de um lado,
Luz e vida, de outro, só pesadelo.
E assim, no riso aberto e revelado,
Nasce o grito na incerteza de tê-lo.
Se em todo sonho vibra o que é vida,
Neste também punge a latência de ser,
Num esforço louco que não se intimida.
Já que pulsa esta vontade de se refazer,
No sol deste dia, então que tempo sobre
Para sonhar e que a vida nos seja nobre!