MEDO DE ELEVADOR

“ O elevador é o veículo mais seguro do mundo”,

supõe a grávida,

sem imaginar os botões do seu útero.

“O elevador não precisa de asas pra subir”,

supõe a grávida dentro do ascensor,

sem imaginar que seu útero,

também subiu, desceu,

e manteve o feto habilmente instalado.

“O elevador da maternidade é único

e não erra os contrapesos”,

supõe a grávida

dentro da Física que considera,

sem imaginar seu útero,

ele no exato 9º mês de prenhez,

é a cabine que garantirá a saída

do artefato luminoso.

“Sem o elevador eu não veria a sala de parto”.

pensa a grávida para se acalmar,

perto da cesariana eficaz,

mas não atina,

o seu útero trouxe muito mais:

ofereceu a aceleração,

a biologia do que se espaça,

a visão do fruto rompedor

e a mecânica propícia

para os lábios pantográficos

do seu corpo.

DO LIVRO: "O ÚLTIMO FOGUETE"

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 09/07/2017
Reeditado em 06/07/2018
Código do texto: T6050110
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