Tortura social
Num zigue-zague infernal, era assim que eu vivia.
Uma vida póstuma, que começara logo assim que a outra terminou há muito, regada de uma inteligência reprimida por medo de ser morta pela burrice dos outros.
À noite, acompanhada de si mesma, adorava a própria companhia, mas às vezes, odiava.
Quando tinha companhia nas noites de sábado, era dos falsos ricos que sempre buscavam outros falsos seres humanos que só tinham humanidade quando o preço da bebida aumentava bruscamente.
Drogava-me um pouco com um pouco de tudo; me acostumei a isso.
Injetava substâncias que me faziam ser capaz de rir daqueles idiotas mesmo querendo estapeá-los.
Fumávamos todos, passando de mão em mão, a solidão que somente eu gostava de sugar.
Eu servia como chacota para os nobres por ser a única diferente e pobre e que terminaria aquela noite sozinha da mesma maneira como chegara naquele lugar.
Eu ria deles por irem para casa com homens e mulheres que só ficavam atraentes por causa da sua capacidade de se tornarem uma espécie de armário para esconder toda aquela gentalha obtusa.